Mercado Imobiliário

Pesquisa da Lopes sobre perfil do consumidor é destaque na Revista Época

A Revista Época publicou uma matéria sobre o perfil do comprador de imóveis. A pesquisa foi feita pela Inteligência de Mercado da Lopes. Leia abaixo a matéria.

Uma nova pesquisa revela como o brasileiro acerta e erra ao comprar imóvel – e como ter mais satisfação por metro quadrado.

Quando meu noivo e eu decidimos morar juntos, logo pensamos em comprar um apartamento – nosso “barraco”, no apelido carinhoso. Não passou pela cabeça de nenhum dos dois pagar aluguel. Ter uma casa própria era um passo natural em nossa vida adulta, mesmo sabendo que dar tal passo custaria caro. “Ao menos, você pagará algo que é seu”, ouvi de parentes. Queria um apartamento grande, com três quartos, varanda gourmet e boa localização. A realidade mostrou que eu não precisaria de tudo isso – mostrou, sobretudo, que eu nem teria dinheiro. Dois quartos eram mais que o suficiente para um casal sem filhos. Estrutura de lazer dentro do apartamento ou do prédio perdeu importância, quando me dei conta de que a usaria pouco. Quando estamos em casa, costumamos ficar dentro do nosso quadrado. Só me lembro das áreas comuns quando chega a cota extra do condomínio. Só não abri mão da localização, perto de supermercado, farmácia e metrô. O passo seguinte foi fazer e refazer contas, para saber quanto do orçamento familiar poderíamos comprometer com a prestação do financiamento. Estica dali, estica daqui, economiza, e conseguimos ficar dentro do ideal recomendado. Meu plano é pagar o apartamento em dez anos – tempo de um piscar de olhos quando o assunto é financiamento imobiliário. Depois de quitar, partir para a compra de um imóvel na praia – um plano de aposentadoria (sonho!) de onde também pode vir uma renda com o aluguel. Um passo de cada vez. Pendurar o primeiro enfeite de Natal na porta do nosso apartamento já foi alegria demais para o ano.

Minha história é parecida com a média dos brasileiros que dão entrada numa casa nova, identificada por uma pesquisa feita pelo Grupo Lopes com exclusividade para ÉPOCA. A pesquisa levantou dados de 11.242 compradores de imóveis residenciais novos nas regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro e em outras cidades nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. O comprador médio busca seu primeiro imóvel e gasta de três a quatro meses nessa procura. Tem 33 anos, renda familiar de R$ 8.500, nível superior completo e filhos. Mesmo quando faz a compra como parte de um investimento, contraditoriamente enxerga o imóvel com olhos de sonho realizado, não como aplicação rentável. Compromete por volta de 30% da renda no financiamento e prefere se mudar dentro do mesmo bairro.

“Aprendemos muito com a pesquisa. Ela mostra que a preferência do brasileiro é manter-se na região onde já mora”, diz Belmiro Quintaes, diretor da Lopes. “Nos cinco últimos anos, o comprador de imóvel vem se deslocando um pouco mais. Mas ainda resiste a mudar de bairro ou cidade.”

Pesquisa da Lopes sobre perfil do consumidor é destaque na Revista Época  Pesquisa da Lopes sobre perfil do consumidor é destaque na Revista Época

Analisar o perfil do comprador de imóveis é mais importante diante do cenário econômico difícil esperado para o Brasil no futuro próximo. O governo prevê crescimento de 0,8% em 2015, insuficiente para manter o nível de emprego. Num período difícil, a decisão de comprar um imóvel requer cautela extra. As histórias nestas páginas mostram os sonhos e ponderações de quem compra imóvel novo. São parecidas com a minha e podem ser parecidas com a sua.

Na maioria das grandes cidades no mundo, o desejo dos jovens é morar em áreas centrais, perto de empregos e serviços, afirma Fernando Ferreira, professor da Wharton School, na Universidade da Pensilvânia, estudioso do mercado imobiliário. O brasileiro gosta de mudar de casa sem mudar tanto de lugar. “Estou no meu terceiro apartamento, em 30 anos, sem jamais trocar de CEP”, diz o contador Daniel Felix, de São Paulo. Em cidades como São Paulo e Curitiba, a distância média entre a antiga moradia e a nova é inferior a 5 quilômetros. Morar na mesma região dos pais diminui as chances de frustração, por ser um ambiente conhecido. Ao deixar de considerar outros bairros, o comprador desperdiça a oportunidade de pagar menos, num bairro menos ocupado, ou de morar mais perto do trabalho e do lazer.

A pesquisa revelou uma alta parcela de compradores que saem diretamente da casa dos pais para a casa própria. Em algumas cidades, essa fatia chega a 49%. No Rio de Janeiro, o publicitário Carlos Eduardo Gonçalves e a estudante Taissa Dallarosa compraram um imóvel na planta, antes de morar juntos ou terminar os estudos. Como morar junto significa uma mudança de vida radical, é mais prudente alugar um imóvel antes e ganhar tempo para a escolha do definitivo. Em caso de mudanças de planos e expectativas, fica mais fácil mudar. “É educativo morar sozinho, para ter uma ideia do que realmente faz diferença para você e de como administrar essas coisas que importam”, diz Samy Dana, professor de finanças da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (EEASP) da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Isso deve anteceder a compra de um apartamento, um comprometimento muito grande, financeiro e emocional.” A pressa de comprar uma casa própria (no Rio, gastam-se na média três meses na procura) pode comprometer a carreira e a satisfação pessoal. “Sem refletir, jovens compram um imóvel maior do que precisam, de maneira precoce, e engessam o orçamento com prestações pesadas”, diz Gustavo Cerbasi, orientador financeiro e colunista de ÉPOCA. “Em vez de investir na compra de um imóvel completo, vale a pena alugar um mais barato e usar o dinheiro livre para investir em educação, lazer, cultura e poupança.”

O estudo da Lopes identificou que o comprometimento da renda dos compradores, nas maiores cidades, está por volta dos 30%.

Essa faixa é superada no Rio de Janeiro (35%), em São Paulo (31%) e na região de Vitória (31%). Comprometer mais de 30% da renda é especialmente arriscado com o mercado de trabalho em retração.

A maioria dos compradores entrevistados não menciona “ter filhos” entre os planos prioritários. Somente no Rio, aumentar a família aparece entre os principais planos. A taxa de natalidade no país está caindo, mas não tanto assim. Fica evidente na pesquisa a falta de planejamento para ter filhos, um fator crucial na escolha do imóvel.

Itens de lazer como piscina e academia são o segundo item mais importante na decisão da compra, atrás apenas de “localização”.

A policial Grasiele Gomes, de Serra, Espírito Santo, escolheu um condomínio com bosque e academia. Equipamentos de lazer são uma opção econômica a clubes e academias. Mas a economia pode virar prejuízo se o morador não usar os equipamentos. “É importante questionar não só quanto os serviços custarão, mas a qualidade deles, se serão usados e quanto atendem às necessidades específicas da família”, diz Dana.

Texto de Graziele Oliveira com Aline Imercio

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