Imóveis compactos são os mais buscados para aluguel em São Paulo
Mercado Imobiliário

Imóveis compactos são os mais buscados para aluguel em São Paulo

Vista aérea do MASP e da Avenida Paulista em São Paulo, SP

A acomodação de preços na capital paulista não se restringe ao mercado de lançamentos. Os valores de locação residencial também começaram a arrefecer, redimensionando a relação entre locatários e locadores – mas com nuances diversas entre os diferentes padrões.

A última pesquisa mensal do Sindicato da Habitação de São Paulo, com abrangência em todas as regiões da cidade, apontou queda média de 1% nos preços de novas locações residenciais em agosto. A redução foi puxada, segundo o levantamento, pelos imóveis de dois dormitórios, com retração de 1,6% no mês,embora o segmento de um dormitório também tenha registrado queda de 0,4%, e os de três dormitórios recuo de 0,7%.

Outro estudo realizado pela imobiliária Coelho da Fonseca, com forte atuação no segmento de alto padrão, mostra que houve alta nos valores dos contratos para as unidades de dois, três e quatro dormitórios entre janeiro e agosto em comparação com o mesmo período de 2013. Para os imóveis de até um dormitório, houve queda.

A baixa demanda por locação não é exatamente a razão para esse movimento do mercado. Segundo imobiliárias consultadas pelo Estado, a procura por locação continua alta na cidade, mas a quantidade de unidades ofertadas não para de crescer.

“Muita gente comprou residenciais no lançamento há três anos (quando o mercado chegou ao seu auge), e esses imóveis estão sendo entregues agora. Como a revenda depois da entrega das chaves ficou mais demorada, se o investidor não pode manter os custos de manutenção da unidade enquanto ela estiver vazia, ele escolhe a locação”, diz o diretor de prontos da imobiliária Abyara Brasil Brokers, Ricardo Carazzai.

De acordo com o diretor da vice-presidência de gestão patrimonial e locação do Secovi- SP, Mark Turnbull, muitos locadores preferem abrir mão de rentabilidade mais generosa no primeiro aluguel para exatamente evitar que o imóvel novo fique desocupado por muito tempo. A cota de condomínio e o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) ficam sob responsabilidade dos proprietários quando os imóveis não estão alugados, o que corrói os ganhos dos investidores.

Turnbull também chama a atenção para o cenário macroeconômico do País, com baixo crescimento do PIB e pressões inflacionárias, como um fator que estimule as negociações, rodeadas de incertezas tanto de locadores quanto de locatários. “O inquilino fica mais resistente nesses momentos mais difíceis. Se o proprietário quer subir o preço em R$ 1,5 mil, tem de saber se o locatário estará disposto a pagar.”O diretor do Secovi- SP acredita que os valores em São Paulo vivam um momento de estabilidade, com viés de baixa. “Mas não haverá uma queda abrupta.”

A diretora Lello Imóveis, Roseli Hernandes, também vê, na média, um cenário de estabilidade para o mercado de aluguel na capital. “Os proprietários que colocaram o preço no patamar do mercado, ainda alugam, mas aqueles que colocaram o valor um pouco acima estão agora baixando um pouco. E, nas regiões em que a procura é grande, os preços continuam subindo.”

A maior parte da demanda por aluguel em São Paulo está no segmento dos imóveis compactos, segundo profissionais do mercado. Na imobiliária Lopes, por exemplo, unidades com essas características reúnem 70% da consultas.

A diretora de locação da empresa, Carolina Mussi, diz que o momento é propício para negociar mesmo o valor desses imóveis. No entanto, ela lembra que os proprietários de maior renda, com menor dependência dos ganhos de locação, estão menos suscetíveis a pressões.

Queda. O diretor geral de terceiros na Coelho da Fonseca, Fernando Sita, diz que as unidades de um dormitório são as mais solicitadas pelos potenciais inquilinos, por estarem adequadas ao novo estilo de vida dos paulistanos, mais prática. Para ele, a queda de preços dessas unidades ocorre, além da maior oferta de imóveis, pelo alto valor relativo das locações, próximo do pedido para bens de dois dormitórios. Em outras palavras, os locatários de imóveis nobres preferem alugar compactos maiores.

Sita diz que, desde o ano passado, houve aumento de 42% nas locações realizadas pela empresa, sem que tivesse sido realizada qualquer ação promocional da imobiliária. “Quando a economia do País não está forte, o mercado de locação residencial é afetado. Se a pessoa decide que não vai comprar, ela resolve alugar”, explica.

Negociação de preço dá o tom na locação
[O Estado de S. Paulo – 28/09/2014 pág: 1 e 5 ]

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