Veja quais os bairros mais valorizados de BH
Mercado Imobiliário

Pesquisa mostra alta de até 21% em imóveis em Belo Horizonte

Pesquisa Fipe Zap mostra alta de até 21% nesse ano, caso do bairro Vila Paris

O publicitário Bruno Fernandes, de 36 anos, passou quase dois anos pesquisando preços de imóveis na Região Centro-Sul de Beagá. Morador do bairro Vila Paris, ele buscava um apartamento mais amplo – com três quartos, área de lazer e duas vagas de garagem – para onde se mudar com a mulher, Clara, de 35 anos, e a filha, Maria, de 3. No computador, ainda guarda a planilha com as informações dos 150 endereços visitados, incluindo fotos dos preferidos.

“Muita gente me aconselhou a deixar a Copa do Mundo passar e esperar que os preços caíssem, mas não foi isso que aconteceu”, diz.

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Fernandes acabou pagando pelo novo lar 600 000 reais, o dobro da primeira avaliação, feita ali em 2012. “É muita especulação, as cifras fogem da realidade”, reclama. A família vive no bairro que registrou a maior valorização na capital: de janeiro a setembro deste ano, a alta foi de 21%, três vezes a inflação do período, de acordo com o Índice Fipe Zap, que calcula o valor do metro quadrado residencial em vinte cidades brasileiras com base em pesquisas em anúncios.

Segundo o levantamento, o preço médio do metro quadrado aqui subiu 12,74% entre setembro de 2013 e setembro de 2014 – o terceiro maior índice no país, atrás apenas de Vitória (13,36%) e Campinas (13,03%). E a má notícia para quem está em busca de um imóvel para compra é que os preços devem continuar subindo. Não no mesmo ritmo acelerado que chegou a ser registrado em 2011, por exemplo, mas provavelmente em patamares acima da inflação.

 “O boato de que os preços cairiam começou em 2013, por causa de especulações sobre uma bolha de valorização, mas é furada essa teoria de que os preços estão surreais”, diz Fernando Antunes, diretor da Imobiliária Lopes.

De acordo com ele, embora tenha ocorrido uma recuperação de valores no mercado de imóveis em Belo Horizonte, os preços ainda não se encontram no nível de outras grandes cidades brasileiras, o que sugere espaço para a alta. O preço médio do metro quadrado na capital mineira, em setembro, ficou em 5 653 reais.

À frente, estão Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Niterói e Recife (veja o quadro abaixo). O metro quadrado mais salgado da cidade está, segundo o Fipe Zap, no Funcionários (9 248 reais), seguido por Lourdes (8 816 reais), Savassi (8 527 reais), Santo Agostinho (8 348 reais) e Belvedere (8 188 reais).

Para efeito de comparação, em São Paulo, o bairro mais valorizado é o Jardim Europa, onde o metro quadrado custa, em média, 14 756 reais. No Rio de Janeiro, é o Leblon, com 22 758 reais. “É possível encontrar alguma oportunidade, principalmente em bairros vizinhos aos mais tradicionais, mas não espere redução de preço”, afirma José De Filippo Neto, diretor da rede Net Imóveis. “Se achar um imóvel que atende suas necessidades, compre, pois as boas opções são poucas”, acrescenta Marcelo Lopes, diretor da imobiliária Re/Max Class.

Os biólogos Vinícius Pompeu, de 47 anos, e Patrícia Borges, de 46, confirmaram na prática o que os corretores dizem. Eles queriam um apartamento maior do que a casa de 200 metros quadrados em que moravam com os dois filhos no Santa Lúcia.

“Quase desistimos, porque os preços só aumentavam”, conta Pompeu. No mês passado, eles bateram o martelo em um apartamento usado no mesmo bairro onde vivem – em vez de um zero-quilômetro no São Pedro, como pretendiam. O imóvel com 216 metros quadrados e quatro vagas de garagem saiu por 1,25 milhão de reais.

“Quando apareceu um do qual gostamos, compramos logo, porque a tendência era ficar cada vez mais difícil.”

Um bom exemplo da valorização na cidade é o Edifício Savassi Tower, o residencial mais alto por aqui, com 39 andares, que será entregue em novembro. Quando as vendas foram iniciadas, há dois anos, podiam-se encontrar unidades a 800 000 reais. Agora, elas estão à venda por preços em torno de 1, 7 milhão de reais. “Restam apenas três”, diz o diretor executivo da construtora Prisbel, Luiz Eduardo Rabelo Júnior. O prédio tem sessenta apartamentos, de 123 metros quadrados cada um, com duas ou três vagas de garagem.

“Os preços não vão baixar, porque existe uma pressão dos custos de construção, do terreno à mão de obra”, afirma o diretor da Brasil Brokers, Ricardo Pitchon. Outro fator que poderá contribuir para que os valores continuem em alta são as mudanças na Lei de Uso e Ocupação do Solo, que foram aprovadas em agosto pela Conferência Municipal de Política Urbana e serão submetidas a votação na Câmara Municipal no início de 2015.

Entre as propostas estão a redução do coeficiente de aproveitamento dos terrenos, a limitação a apenas uma vaga de garagem por apartamento e a instituição da outorga onerosa, a compra do direito de construir além do permitido.

“Belo Horizonte está engessando as novas construções”, queixa-se Otimar Bicalho, presidente da Câmara do Mercado Imobiliário (CMI/Secovi-MG).

De acordo com estimativas da entidade que representa as construtoras da capital, os preços podem subir até 50% em consequência das novas regras. “O custo do terreno representa hoje 25% do preço final de um empreendimento. Para manter o aproveitamento, as empresas terão de pagar à prefeitura o equivalente a duas vezes esse valor”, explica Bicalho.

Temendo uma alta ainda maior no preço dos imóveis por causa da provável mudança no plano diretor da cidade, o empresário Alcimar Guerra, que vinha pesquisando desde o início do ano, resolveu apressar o negócio e não esperar até o ano que vem. “Está difícil encontrar um apartamento de alto padrão, amplo e com localização privilegiada”, diz.

Em agosto, ele comprou um quatro quartos no Santo Agostinho. “Tenho três filhos e logo precisarei de mais vagas para nossos carros”, afirma o pai de Luísa, de 18 anos, Beatriz, de 16, e Pedro, de 9. Para quem está correndo atrás da casa própria, o conselho dos especialistas agora é não adiar os planos na expectativa de uma redução nos preços.

Pode parecer papo de vendedor louco para fisgar um cliente, mas o que os números mostram é que eles têm razão: o metro quadrado por aqui está cada vez mais caro. “Os valores vão continuar subindo, sim, mas o comprador está com mais poder na negociação”, pondera Luiz Antônio Rodrigues, fundador da Lar Imóveis.

Segundo ele, proprietários que querem fechar negócio rápido tendem a dar desconto. Foi o que beneficiou o empresário Rafael Almeida, de 31 anos. Ele acaba de adquirir um apartamento na planta, na Savassi, onde sempre quis morar. O um dormitório de 55 metros quadrados custou 550 000 reais. “Consegui um ótimo investimento”, diz, convicto.

[Veja BH – 29/10/2014]
Para especialistas não adianta esperar os preços dos imóveis baixarem

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