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Turismo acessível: qualidade de vida pra pessoas com limitações físicas

Turismo acessível

Viajar é sem dúvida uma das melhores experiências que a vida pode dar para uma pessoa. Através de viagens, as pessoas podem conhecer novos lugares, novas línguas e novas culturas, para expandir seus conhecimentos e visões sobre a vida.

Então, se uma experiência como essa é tão edificante e construtiva, por que pessoas com deficiência física não poderiam agregar esse tipo de vivência em seu dia-a-dia?

Nem sempre pensamos sobre isso, mas muitas pessoas com deficiência deixam de viajar por falta de acessibilidade não apenas nos transportes, mas também nos hotéis em que passarão seus dias e até mesmo a falta de acessibilidade em muitos monumentos históricos ou atrações do local pretendido para viagem.

 

O Turismo Acessível e seus benefícios

A ideia de um turismo acessível começou antes dos anos 2000 com diversos destinos de viagens adaptando os seus pontos turísticos para receber cadeirantes, deficientes visuais e auditivos, pessoas que sofrem de obesidade, idade avançada ou qualquer tipo de limitação de movimento.

O conceito de turismo acessível ganhou, então, mais força e mais popularidade. Esse crescimento da vontade de tentar aumentar a acessibilidade veio de muitos sentimentos, principalmente a solidariedade e compreensão de que pessoas limitadas merecem a mesma qualidade de vida que pessoas sem limitações.

O turismo acessível contém regras que são universais. Qualquer local que pretende fazer parte do mapa de acessibilidade no turismo precisa seguir alguns princípios:

  • Os destinos da viagem não devem conter barreiras na infraestrutura ou nas instalações. Os países europeus que estão provendo essa acessibilidade, para turistas em monumentos históricos e até mesmo naturais, estão ganhando rampas de acesso, placas em braile e sistemas de informação para deficientes auditivos possibilitando que todos que vão ao local possam usufruir do passeio sem dificuldades.
  • Seja por terra, ar ou água, os transportes adaptados são parte fundamental em um turismo acessível. Na grande maioria dos casos, de ônibus urbanos, é lei que o veículo possua uma rampa móvel para cadeirantes. Isso é mais do que uma questão de conscientização, é uma questão de direito e dever.
  • Outro fator importante para a acessibilidade é que a pessoa com limitações encontre profissionais com treinamento adequado para a sua situação. Esse treinamento pode ser variado, e vai desde como operar equipamentos até conhecimento sobre linguagem de sinais para melhor comunicação.
  • É de altíssima relevância que os destinos de turismo criem passeios ou adaptem atrações para que elas também possam contar com a participação de pessoas com limitação. Essa adaptação pode ser feita de forma simples, com pessoal treinado para passar informações ou até de formas mais complexas, com reestruturação de passeios ou criação de tours exclusivos para cadeirantes ou outras pessoas com deficiência.
  • É crucial que as empresas e cidades que trabalham diretamente com turismo criem sites, marketing e sistemas de reservas que sejam adaptados para qualquer pessoa. Geralmente não é viável para uma pessoa com problemas auditivos ou visuais conseguir chegar a um destino por si só, quando não há sites ou centrais de informação preparados para atendê-la.

Apesar desse tipo de estrutura de acessibilidade não estar amplamente divulgada e difundida em cidades e atrações brasileiras, países europeus, principalmente a Espanha, se empenham em trabalhar todos os anos para melhorar a infraestrutura de seus pontos turísticos para um nível de acessibilidade turística maior.

Essa adaptação também acontece por parte dos estabelecimentos ligados ao turismo, principalmente hotéis que adaptam seus quartos para pessoas cadeirantes.

 

Escolhendo o destino ideal

Para uma pessoa com deficiência, escolher um local de viagem que vá fazer com que ela se sinta totalmente confortável nem sempre é uma tarefa fácil. É preciso levar algumas coisas em consideração.

Primeiramente, o interessado em viajar precisa prestar muita atenção no seu plano de viagem e tomar um cuidado especial com o seu itinerário. Dessa forma é possível saber quais os serviços e atrações serão visitados. Após esse planejamento será possível avaliar de forma mais concreta a experiência que as empresas envolvidas na viagem têm com esse tipo de acessibilidade.

Um grande problema ao escolher as empresas é que muitas se julgam capazes de atender esse público tão especifico e especial, mas nem sempre essa é uma realidade.

Esse pensamento errôneo por parte das empresas gera algumas complicações, pois ao se classificarem aptas, as agências e sites sobre turismo passam a divulgar os hotéis como adaptados, podendo assim confundir muitos viajantes deficientes físicos. Muitas vezes não é por má intenção, mas sim porque muitos não sabem os conceitos de um estabelecimento adaptado.

Ainda não existe um tipo de adaptação específica obrigatória para turismo acessível em hotéis e serviços. Além disso, há uma deficiência na fiscalização e normalização do selo internacional de acessibilidade, o que também pode ser um problema na hora de se informar.

Para evitar desinformação o melhor é pesquisar em sites de viagens na internet por comentários e críticas sobre estabelecimentos. Os sites de avaliações de hotéis, por exemplo, disponibilizam até recursos para buscar tipos específicos de comentários.

Serviços como o TripAdvisor podem ser ferramentas poderosas na hora de planejar uma viagem mais acessível para uma pessoa com limitações físicas.

É preciso ressaltar também que caso uma empresa ofereça um serviço e não cumpra o prometido, o cliente tem todo o direito de reclamar e até mesmo acionar a justiça dependendo dos danos causados.

Fazer comentários em sites de avaliações também ajuda as próximas pessoas que forem viajar e estão buscando informações.

Órgãos como a OAB e o Procon podem ser de grande auxílio na hora de tirar dúvidas dos clientes com ou sem necessidades especiais. Ao saber dos seus direitos é mais fácil compreender como e quando exigir algo de uma empresa.

 

As cidades com melhor acessibilidade no mundo

O turismo acessível é um conceito em expansão, por isso não é tão fácil encontrar um lugar com acessibilidade total. Algumas cidades estão na frente de muitas outras e já oferecem uma estrutura mais completa. Conheça algumas dessas cidades para talvez contemplá-las como um possível destino de viagem.

Seattle, Estados Unidos

Seattle é uma cidade de urbanização extensiva e centro metropolitano. Ela conta com um extenso sistema de metrôs totalmente dentro dos padrões de acessibilidade impostos pelos órgãos reguladores americanos.

Seattle também tem um centro com estabelecimentos e transporte público completamente adaptados. Pessoas com deficiência física ou visual podem visitar o famoso museu espacial de Seattle, o mercado Pike Place e o Obelisco espacial com mais de 180 metros de altura.

Montreal, Canada

A cidade canadense de Montreal é conhecida pelos belos jardins botânicos e belíssimas catedrais encontradas por toda a cidade. E o melhor de tudo é que boa parte dessas atrações é totalmente adaptada para acesso de pessoas com deficiência.

Além delas, a cidade também conta com um sistema ferroviário completo em acessibilidade e sete estações especialmente desenvolvidas para pessoas portadoras de necessidades especiais.

Dublin, Irlanda

Dublin é conhecida como uma das cidades mais acessíveis do mundo por diversos motivos. Um deles é o fato da cidade ter uma estrutura plana e compacta.

A maioria dos pontos turísticos da cidade é totalmente acessível para pessoas com cadeiras de rodas e a cidade tem calçadas amplas e semáforos com um tempo maior de travessia para cadeirantes.

Strantford on Avon, Inglaterra

Strantford é mundialmente famosa por ter sido a cidade em que o grande músico Shakespeare morou. Apesar de ser do século 15, ela passou por diversas adaptações no decorrer do tempo e agora conta com calçadas rebaixadas e amplas para o trânsito de cadeiras de rodas.

Cerca de cem por cento dos pontos turísticos são acessíveis para pessoas com deficiências motoras, e a cidade também conta com restaurantes e bares adaptados por todo o lado.

 

Turismo acessível em cidades do Brasil

Comparado com outros países da américa latina, o Brasil é um dos mais evoluídos no quesito acessibilidade. Porém quando a comparação é feita com países de primeiro mundo, o Brasil fica bem para trás e se mostra carente de infraestrutura para a acessibilidade de forma geral.

Pessoas com necessidade especiais podem ter dificuldade para visitar a grande maioria dos locais turísticos do país, não tendo opções de lugares totalmente adaptados.

Apesar de ainda estar atrás de muitas cidades de outros países, São Paulo pode ser considerada a cidade com a melhor acessibilidade turística do Brasil. Nela é possível encontrar diversos pontos turísticos e estabelecimentos com estrutura adequada para receber pessoas com deficiência.

Outras cidades que merecem ser mencionadas são Bonito e Foz do Iguaçu. Apesar de não terem tanta estrutura no quesito acessibilidade, algumas empresas delas oferecem pacotes de viagens específicos para pessoas com necessidades especiais. Esses pacotes oferecem passeios alternativos que podem ser realizados por cadeirantes.

Como adaptar o estabelecimento para pessoas com limitações?

Adaptar um ambiente não é uma tarefa tão fácil, mas é necessária, principalmente em uma era em que pessoas deficientes físicas tem mais liberdade e uma qualidade de vida maior, aumentando assim sua independência e atividades comerciais e sociais.

Os itens que devem ser prioridade na adaptação um estabelecimento são os seguintes:

  • Desníveis – O desnível é comumente encontrado nas portas de estabelecimentos. Geralmente é um pequeno degrau que separa a calçada da entrada do estabelecimento. Esse tipo de degrau pode tornar o acesso de cadeirantes ao estabelecimento muito difícil ou até mesmo impossível.Para resolver esse problema é necessário diminuir o desnível para no máximo 1,5 centímetros, acima disso serão necessárias rampas com uma angulação muito exagerada. Evite também carpetes peludos, pois eles podem causar tropeços e acidentes para pessoas de movimentação limitada. As rampas devem ter no máximo 6% de inclinação. Uma forma simples de calcular o tamanho da rampa é fazendo o seguinte cálculo: “altura para subir x 16,7cm” .
  • Jardins – Se o estabelecimento tem um jardim como uma das atrações, tente evitar pisos irregulares feitos de pedras ou paralelepípedos. Quando houver grelhas para escoamento de água, elas têm que ser transversais ao fluxo do caminho, niveladas com o chão e não podem ter vãos com mais de 1,5cm.
  • Maçanetas – Evite maçanetas com formatos arredondados, prefira as que tem formato mais reto, como uma alavanca. Também é importante lembrar que é necessário um espaço de 60cm para que um cadeirante possa abrir uma porta.
  • Espaço para circulação – Cadeiras de rodas precisam de um bom espaço para manobras. Procure pensar nisso na hora de fazer a organização dos móveis do seu estabelecimento.
  • Sanitários – É importante que banheiros tenham cabines adaptadas para o atendimento de pessoas com deficiência física. O tamanho ideal para essas cabines é de 1,50 por 1,70 metros, sendo que o vaso sanitário tem que ser instalado na parede menor possibilitando manobras com a cadeira sem bater nas peças da cabine.O banheiro também precisa ter uma área de transferência da cadeira para o vaso com cerca de 1,10m de comprimento por 80cm de largura, seja na área frontal ou lateral.É importante que o banheiro também tenha barras de apoio horizontais ao lado do vaso sanitário. Os espelhos devem ser inclinados e as pias devem ser suspensas com altura de 80cm do chão e um vão livre para aproximação de cadeira de rodas.

O turismo acessível não é apenas uma forma de aumentar as experiências e qualidade de vida que é de direito das pessoas com deficiência, mas também é uma forma de aumentar o potencial turístico de uma cidade ou estabelecimento.  Oferecer a oportunidade para clientes de todos os tipos usufruírem dos seus produtos ou atrações é uma questão de igualdade social.

O turismo acessível faz parte da evolução do turismo mundial que busca cada vez mais atender todas as pessoas. A acessibilidade em locais turísticos ajuda na inclusão social, permitindo que pessoas com necessidades especiais possam ter experiências de viagem tão boas quanto qualquer outra.

Em vários lugares a acessibilidade já se tornou uma questão muito importante e logo veremos isso sendo cada vez mais comum, garantido uma qualidade de vida melhor para deficientes de todo o mundo. O turismo acessível é algo muito nobre que com certeza deve ser incentivado e apoiado.

Qual a sua opinião sobre turismo acessível? Você tem alguma sugestão de destino de viagem adequado para pessoas com deficiência? Deixe a sua dica nos comentários.

 

Escrito por: Soraia Barbosa

Carro Aluguel

Cartilha de Turismo Acessível do Ministério do Turismo

 

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