Crise hídrica de SP
Sustentabilidade

Crise de água: Jundiaí e Araraquara são pouco afetadas

Já se sabe que a crise hídrica vivida pelo Estado de São Paulo é a pior de todos os tempos. O sistema Cantareira, que abastece cerca de 70 cidades, está com 5% da sua capacidade de armazenamento e as expectativas não são muito grandes, já que se não chover na região das represas a porcentagem pode cair mais ainda.

Apesar de todo esse cenário desanimador, existem municípios que não sofrem com a falta de água.

Em Jundiaí e Araraquara não se ouve a expressão “racionamento”. Mas por quê?

Em Araraquara, por exemplo, a captação de água ocorre de duas formas: pelos rios, nascentes e por poços profundos (Aquífero Guarani). Isso significa que 35% da água são superficiais e os outros 65% são submersos, o que impacta diretamente no abastecimento, já que quando os rios estão secos, a água vem do subsolo.

Represa de Araraquara

Além disso, a cidade dispõe de fatores naturais que facilitam o cenário: é banhada pelo ribeirão das Cruzes e pelo córrego Anhumas. A água dos rios, contudo, precisa ser tratada, enquanto a do aquífero já está pronta para consumo. A utilização do poço não causa impacto no meio ambiente e é mais segura, já que os reservatórios subterrâneos são mais resistentes às secas.

A chave de tudo isso é apenas uma: planejamento e investimento. Com o aumento populacional e expansão do município dos últimos anos, Araraquara programou um sistema de captação e distribuição que aguentasse as novas condições. E eis o resultado: a cidade não corre risco de racionamento.

Já em Jundiaí, que tem mais de 350 mil habitantes e está localizada a apenas 60 km da grande São Paulo, a situação da água permanece estável, mesmo a cidade tendo rios que fazem parte do sistema Cantareira. Isso se dá em consequências das duas represas próprias da cidade, que foram construídas há algum tempo e ampliadas de acordo com a necessidade. Em novembro passado, a capacidade de armazenamento estava em torno de 70%, nível muito maior do que as cidades vizinhas (como Itu e Campinas, por exemplo) que sofrem com a seca.

Crise hídrica em SP

A segunda represa nasceu em 1994 sobre o rio Jundiaí-Mirim, em reposta ao crescimento populacional que estava previsto. Ela serve como reserva quando o consumo de água do rio Atibaia é menor do que esperado. Mas os detalhes ainda não foram mencionados: a cidade passou a ter esgoto tratado, novos equipamentos hidrométricos e reduziu o desperdício de água durante a captação.

Assim como Araraquara, o planejamento e a efetivação das medidas foram essenciais para formar o quadro atual de abastecimento de água de Jundiaí. Tudo isso foi feito em longo prazo, governo após governo.

Apesar das cidades não estarem sofrendo tanto com a estiagem, ambas se preparam para uma possível eventualidade e também economizam água. Mas o que aparece de igual nas duas é: elas não dependem exclusivamente de uma única fonte de captação. Os demais municípios deveriam se espelhar em Araraquara e Jundiaí e se planejar.

Preservar os mananciais, reflorestar as áreas verdes destruídas e incentivar o uso consciente é um desafio não só para São Paulo, mas todos os estados do país.

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