Conheça 7 comidas típicas do carioca
Cultura

Especial Rio 450: comidas típicas

De volta ao Especial Rio 450, o post de hoje tem um assunto que todo mundo gosta: comidas e bebidas. Devido à grande extensão territorial do nosso país, costumes regionais surgiram espalhados por diferentes lugares. A excelência gastronômica de cada estado é um presente para todos os brasileiros e, por isso, o Blog da Lopes quer ressaltar a importância dos costumes e do paladar do carioca.

Confira conosco 7 pratos típicos que traduzem a alma do Rio! 

Biscoito Globo e Chá-Mate

comidasNada melhor para representar a alma das praias cariocas do que essa tradicional dupla. O biscoito Globo e o mate marcam presença na história, cultura e paisagem do Rio de Janeiro, principalmente com os vendedores ambulantes, que viraram Patrimônio Cultural e Imaterial da cidade em 2012.

O mate é uma erva utilizada desde antes da colonização portuguesa no Brasil e tornou-se popular por meio da sua transformação em chá, quente ou gelado. Os cariocas tomaram gosto pela bebida e são um dos maiores consumidores do produto no Brasil. Desde os anos 50, a venda do mate gelado é uma tradição nas praias, seja o produto já pronto para consumo ou aquele nos galões dos queridos ambulantes. O mate também esteve presente na estreia do Maracanã e, desde então, é comercializado nos estádios.

Já o biscoito Globo é feito de quatro ingredientes principais: polvilho, água, leite e óleo. Nascido em São Paulo, o salgadinho ganhou destaque quando passou a ser produzido na Cidade Maravilhosa. Recebeu o nome Globo em homenagem à padaria onde era fabricado, ficou famoso e passou a ser vendido pelos ambulantes nas ruas e praias. O mais curioso é que, mesmo sem absolutamente nenhuma propaganda, tornou-se um marco na cidade e teve apenas uma mudança importante, durante todos os anos: adaptou sua embalagem para o salgado (verde) e o doce (vermelho).

Sopa Leão Veloso

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Mais um prato que sofreu algumas adaptações e ficou com a cara do Rio de Janeiro. A inspiração original era o bouillabaisse, iguaria típica da região mediterrânea, muito comum no Porto de Marselha, na França.

O prato apareceu na Cidade Maravilhosa por meio do diplomata Paulo Leão Veloso. Depois de atuar na França, voltou ao Brasil, visitou o restaurante Rio Minho (hoje com mais de 130 anos de história), no Centro, e pediu ao chefe que fizesse a sopa.

A base, na Europa, era o mix de peixes brancos, que vinham acompanhados de vegetais e ervas, como açafrão, tomate e azeite de oliva. À moda tropical, ingredientes foram retirados e outros foram adicionados, aperfeiçoando o formato que hoje é o carro-chefe dos restaurantes: caldo de camarão e peixe (em geral, cherne), polvo, lula, mexilhão e bastante tempero.

Filé à Oswaldo Aranha

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Foto: VEJA Rio

Mais genuinamente carioca que esse prato não existe! Mas o criador é, na realidade, gaúcho. Oswaldo Aranha era um político que sempre pedia o mesmo prato nos restaurantes em que parava: um filé temperado com alho, acompanhado de farofa, arroz branco e batatas portuguesas.

A refeição ficou tão conhecida que entrou para os gostos dos cariocas e para o cardápio do Cosmopolita, famoso restaurante da Lapa que, na época, era chamado de Senadinho. Oswaldo pedia para que a mesma frigideira que fritasse a carne fosse usada para refogar o arroz e a farofa, pois, desse modo, esses dois acompanhamentos estariam misturados e com o gosto do filé.

Durante os anos, o prato sofreu algumas alterações no que diz respeito ao tipo de carne e modo de preparo: hoje se utiliza o filé mignon e se cozinha os acompanhamentos separados. É possível encontrar o filé à Oswaldo Aranha em grande parte dos restaurantes no Rio, principalmente nos mais tradicionais.

Feijoada

comidasHá quem diga que a feijoada é o prato mais tradicional do Brasil. Existem indícios que comprovam essa afirmação, já que em 1849 um anúncio publicado no Jornal do Commercio, no Rio de Janeiro, mencionava a refeição.

A feijoada consiste na mistura de feijão preto cozido com pedaços da carne de porco. O caldo se incorpora às orelhas, rabo, pés, focinho, entre outras partes, e se completa com acompanhamentos, que geralmente são o arroz branco, farofa (a de farinha de mandioca é bastante comum), laranja fatiada, couve refogada ou crua e molho de pimenta.

Apesar do que se ouve, a criação da feijoada não está relacionada aos escravos. O prato surgiu da adaptação de pratos europeus, principalmente os dos portugueses. O cozido deles foi reproduzido com ingredientes da culinária brasileira e passou a ser servido para a população. Eis o surgimento do maior prato típico do nosso país.

Hoje existe o costume de se saborear feijoadas aos finais de semana e nas quartas-feiras, dependendo do local em que se está. Difundida por todo o Brasil, a feijoada sofre adaptações regionais e ganha novos ingredientes, mas sempre mantém seu sabor único e inigualável.

Bolinho de feijoada

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Foto: Receitas IG

A invenção desse petisco é o que fez o Aconchego Carioca ir pra frente. A chef Kátia Barbosa é dona do bar e reconhecida pela receita que faz o seu bolinho ser uma dádiva carioca. Hoje o boteco tem filial em São Paulo e uma enorme produção, já que precisa dar conta da preparação de 10 mil bolinhos ao mês (contando com a venda para outros empreedimentos).

A ideia de preparar o bolinho surgiu da união de um costume de infância com a frustração gastronômica de uma viagem. Quando era pequena, Kátia comia uma mistura de feijão e farinha que a avó lhe dava, e, quando viajou para Belo Horizonte, encontrou um “bolinho de feijão” que a deixou com água na boca, só que, na realidade, ele era apenas um acarajé.

A partir disso, o bolinho foi criado: a massa é feita com feijoada batida e farinha de mandioca e o recheio é composto de cubos de bacon com couve. Ele deve ser frito ainda congelado para ficar crocante e para manter a couve verde e fresca. No bar, é servido com fatias de laranja e torresmos.

Quer saber mais sobre o Rio de Janeiro? Veja tudo sobre o bairro da Freguesia aqui.

Bolinho de bacalhau

comidasUm clássico da cozinha de boteco do Rio de Janeiro. A combinação de bolinho de bacalhau mais cerveja é irresistível não só para os cariocas, mas para qualquer pessoa que gosta de boas comidas e petiscos imperdíveis.

O bacalhau e o azeite são heranças lusitanas que foram adicionadas ao cardápio do brasileiro e ao paladar, principalmente, do carioca. O peixe está espalhado por diversos botecos e bares, mas também se faz presente em receitas de alta gastronomia, mostrando sua versatilidade e gostosura.

Não existe uma receita específica para a preparação do bolinho, desde que ele fique macio por dentro e crocante por fora. Esse é o segredo para ter um quitute amado por qualquer pessoa. Os formatos e versões variam de acordo com o cozinheiro, mas a base continua a mesma: bacalhau desfiado, batata amassada e tempero (cebola, cebolinha, azeitona, entre outros).

Bacalhau à Gomes Sá

comidasEsse prato teve que atravessar o Atlântico para se tornar um dos mais queridos no cardápio do carioca. Mas seu criador, José Luís Gomes de Sá, era 100% português, nascido na cidade do Porto e criado no meio dos bacalhaus, já que seu pai comercializava o peixe.

A inovação, que fez sua iguaria tão apreciada, estava na forma de tratar as lascas: elas deveriam ser marinadas, para ficarem bem macias, no leite, por cerca de duas horas, e cozinhadas com azeite, alho e cebola. O truque final é colocar azeitonas pretas, salsa e ovos cozidos para acompanhar o bacalhau, e apreciá-lo com um vinho tinto.

Mas não é qualquer pessoa que consegue prepará-lo, segundo Gomes de Sá. Existem registros de um manuscrito no qual o criador passa a receita a seu colega João e lhe diz: “João, se alterar qualquer coisa, já não fica capaz”. E ah, também não se esqueça: “Deve-se servir bem quente, muito quente”. Por favor, após essas dicas do nosso querido português, não arrisque em fazer de outro jeito, hein?

Eis a receita:

“Deitar um quilo de bacalhau previamente demolhado numa caçarola, cobri-lo com água a ferver, abafar com um pano de lã e deixar assim durante 20 minutos. Depois, tirar-lhe todas as peles e espinhas, fazê-lo em lascas, colocá-lo num prato fundo, submergi-lo em leite quente e esquecê-lo durante duas horas. Antes de cumprido o horário, preparar uma assadeira, deitar-lhe um decilitro e meio de azeite do mais fino, dois dentes de alho, quatro cebolas cortadas às rodelas e, logo que comece a aloirar, juntar-lhes um quilo de batatas previamente cozidas com pele, destonadas na hora, e cortadas em rodelas com um centímetro de espessura mais o bacalhau lascado retirado do leite. A assadeira vai então ao forno e ferve durante 15 minutos. Serve-se o cozinhado muito quente, na própria assadeira, decorado com azeitonas grandes e pretas de boa qualidade, um ramo de salsa muito picada e rodelas de ovos cozidos.”

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